sábado, 9 de maio de 2009

rio de janeiro

A minha vida sempre se pautou por baixos e baixos, facilmente perceptíveis quando se repara no meu caminhar desengonçado e vacilante, na postura curva decorrente do peso de tantos fardos ou até mesmo pelas queixas frequentes de dor, a cabeça constantemente mazelada, como se a consciência exercesse uma força poderosa contra meu crânio, numa espécie de manifestação pela desobediência excessiva do corpo e que, também por isso, a deixa sempre em débito com alguma coisa.
Mas esta quinta-feira foi um dia diferente dos dias habituais, não havia peso, não havia tédio, arrependimentos ou sequer cansaço e toda a cidade se revelava em novidades. Eu estava bem e me sentia melhor ainda porque sabia que estava entre os meus. O pretexto do Oasis, coberto com uma manta de expectativas coloridas - supridas, aliás -, se transfigurou em muita cerveja, muita caipirinha, nascer do sol, Bebel Gilberto, estranhos, porre matinal, sacadas geniais, gargalhadas e fotos de celular.
Por onde andamos, olhamos e também fomos olhados. Estávamos cheios da nossa parceria e espantosa cumplicidade e a Avenida não era grande o suficiente para comportar ou ignorar o nosso contentamento. Apertados pela maldita circunstância do tempo, seguimos o trajeto de ida mas carregado de pena da volta.
Distante daqui fui um mundo todo e o mundo todo me sorriu, e eu sorri de volta exprimindo afinidade e, mesmo dentro da palidez desanimadora em que consiste a efemeridade destes momentos, pude eternizar um pequeno trecho de vida e um pequeno traço de humanidade no meu coração e nos corações de pessoas que possivelmente nunca mais irei ver.
Fui tudo, sendo nada, fiz da puta da vida, esta incógnita muitas vezes tão amarga, um pedacinho doce e suave na lembrança. E me apaixonei. Apaixonei-me por tudo isso como se fosse por alguém físico, sorrindo um sorriso luminoso que pareceu uma vela clareando um porão escuro. E não querendo ser egoísta na minha felicidade, ainda que breve, ainda que pouca, ainda que passageira, resolvi que deveria compartilhar este pedaço de bolo de alegria.
Pensando bem, não havia meios para ser diferente... eu estava em ótima companhia!

4 comentários:

Wury disse...

Mesmo tema, mesma abordagem, outra carga...

Gostei!

Petrus disse...

Parabéns Sarah, vc é hoje um pouquinho mais carioca.

Bem-vinda à Maravilhosa.

sarah disse...

e pelo visto vc não entendeu o texto.

Unknown disse...

Oasis!!!