terça-feira, 30 de março de 2010

u.u

Tenho andado por aí à deriva, sem saber direito o que fazer. As estradas a minha volta são caminhos sinuosos que conduzem a um desconhecido que me provoca um pavor inexprimível. Está escuro, mais do que outrora, como se a puta da vida tivesse interposto uma superfície opaca entre meus olhos e o resto do mundo, permitindo que eu enxergue apenas os vultos e nunca tenha percepção da coisa como um todo.
E cada um desses caminhos parece um beco sem saída disforme e assombrado, onde tudo range e é arrepiado. E tenho medo de dar um passo a frente, porque tenho medo de dar outros passos em falso. E porque seria mais do que estúpido voltar atrás. E porque...
Minha cabeça está oca, quase tão vazia como a minha alma desde que... acho que desde sempre ou pelo menos desde onde a minha memória consegue alcançar. Não sei qual direção tomar, há muito perdi o sentido.
E o mundo, trocista, afasta-me, isola-me, parece querer pôr-me à prova sozinha. Talvez queira saber se tenho força para lidar com isto tudo sem ajuda. Não sei se realmente tenho. Gostaria sinceramente de ter. Muito embora eu tenha esta mania retardada de colocar o peso do mundo nos meus ombros e suportá-lo estoicamente.
Bom mesmo seria acordar agora em outro canto do mundo. Gritar em um campo deserto até me faltar o ar. Mergulhar num mar turbulento e impiedosamente frio. Fazer bungee jumping. Tudo para acordar desse torpor e me certificar de que ainda estou viva. Em meio a tantas incertezas, essa é uma coisa que sei que quero, sei que preciso me certificar de que ainda há vida por aqui e cada vez mais ganho consciência desse meu desejo inabalável.
Nada tem feito muito sentido, talvez tudo se resuma a mais um traço obscuro da minha personalidade com tendência para a melancolia. E aqui estou, na incompreensível encruzilhada de sentimentos que sempre fui, idiotamente repetindo o discurso de tempos atrás... já ficou chato.

quinta-feira, 18 de março de 2010

freio na bunda

Minha prima, no auge de sua curiosidade pubescente, perguntou-me enquanto eu tomava cerveja: "Por que é que algumas bichas gesticulam como meninas?". Uma bela questão para se colocar em pauta. Dei-lhe a lição didaticamente, de maneira que esclarecesse sua dúvida porém sem corromper o lacre da sua inocência.
A resposta é mais científica do que à primeira vista se pode supor. Ao contrário do que a sabedoria do bom povo sugere, um gay não age como uma mulher histérica só porque, sendo de mulheres que a maioria dos homens gosta, têm a esperança de chamar a atenção de um macho mais alcoolizado ou míope.
A verdade é que a principal diferença entre os dois gêneros sexuais é um pequeno freio na bunda que os homens têm e que falta às mulheres. A presença desse freio é um agente de um comportamento másculo e valente. Enquanto a falta do mesmo freio conduz a um comportamento efeminado. Por isso que os homens que trilham caminhos sexuais com outros homens passam a se comportar como fêmeas: pois têm o freio partido.
Ah!, disse ela em um tom conformado, "mas e os garotos amaricados que ainda são virgens?". Uma excelente follow up question, sim. Bom, continuei com minha sucinta explanação, nesse caso, tal como as garotas que, milagrosamente, conseguem manter intacta sua honra, o que sucede é que esse rapaz, provavelmente, foi vítima de um passeio de bicicleta mais violento que lhe lixou o freio.
Recebi um olhar radiante e grato de quem, pela pouca experiência de vida, estava prestes a me endeusar pelo resto da vida. Retribuí com uma olhadela caída e esbocei um sorriso disforme, que não representava absolutamente nada senão o meu grau alcoólico.
Crianças modernas e suas questões repletas de metafísica... eu deveria era escrever um livro de educação sexual, caralho.