sexta-feira, 26 de junho de 2009

perda total no dia dos abandonados

Quem lê meu blog sabe que, sobre algumas questões, não faço nada além de ser eu mesma: passar mensagens de paz, de elegância e sublinhar que a vida tem mais graça se nos devotarmos a escrachar qualquer coisa e fazer faxina nos tabus. E no que concerne a limpeza, o Mundinho Insosso é como uma daquelas equipes de criadas de hotel que trocam até as toalhas limpas, desinfectam, sanitam e no fim deixam um bombom.

A verdade é que este seria um assunto para ocupar todo o espaço do blog, mas as lembranças de que disponho são tão diminutas quanto o pintinho de um japonês que acabou de sair da água gelada, portanto, na tentativa de descortinar minha noitada insana e de fazê-los entender o quão grave foi o episódio, devo ressaltar que sou estúpida o suficiente para preferir meus excessos a curtir a vida com alguma classe e comedimento. Ou seja, não me recordo de porra nenhuma.

Fica pra próxima bjs

quarta-feira, 24 de junho de 2009

um mimimi

Não gosto das eventuais distâncias, mas suporto todas. Não gosto das ausências idiotas e despropositadas, mas as aceito com escandalosa sujeição. Não gosto de desculpas esfarrapadas, mas esforço-me para entender os motivos. Não gosto e, sobretudo, não consigo compreender, a minha capacidade nipônica de me meter em projetos que, desde a sua concepção, já estão fadados ao fracasso. Vejo a plaquinha indicando "fiasco" e continuo indo em frente, mesmo que esteja nadando na merda à altura das orelhas.
O pior de tudo é não saber controlar meus impulsos bestiais, principalmente aqueles relacionados à oratória, sofro com a minha inata inocência e analfabetismo na matéria de discernimento diligente do caráter alheio. Cego-me para os perigos que espreitam em toda esquina, atrás de cada lata de lixo, camuflados à sombra de um poste com a lâmpada queimada, escondidos atrás de figurinhas que nos cativam para depois nos darem apunhaladas com palavras intoxicadas de maldade.
Realmente sinto saudades de uma época em que nem ao menos vivi, e a única coisa que me faz acreditar nela como um lugar distante desse mundo horroroso, é o sabor açucarado que se polvilha na minha língua ao imaginá-la. No entanto, sei que remoer isso não vale nada, não serve para absolutamente nada. Sei também que tudo aquilo que, em outro tempo, em outras circunstâncias - quiçá noutra vida! -, teria feito o mundo conspirar a meu favor no intento divino de transfigurar o cocô mole em uma escultura celestial, neste momento, infelizmente, não pode e não quer ser mais do que nada... o que é uma pena.

sábado, 20 de junho de 2009

singularidades de nosso belo idioma

Há em cada brasileiro um genial inventor de alcunhas. A criação de epítetos depreciativos ou simplesmente galhofeiros é parte importante do exercício da brasilidade. Ao longo da vida fui reunindo algumas alcunhas curiosas que só um povo fornicador é que usa para manifestar a grande quantidade de fodas que pratica.
Então acerco-me de uma dúvida que, embora premente, não há razão alguma de ser: por que é que dos povos latinos, os brasileiros são os que menos se gabam de seus feitos sexuais? Será que, salvo as exceções, somos latinos apenas na acepção do termo?
Os brasileiros em geral alardeiam bem menos, mas têm a prova da sua competência sexual na ponta da língua. Basta-nos atentar às expressões que fazem nosso idioma, tal como "a dar com o pau".
- Nunca vi a praia tão cheia, tinha gente a dar com o pau. Na verdade, o que o popular veraneante quer dizer é que havia tanta gente na praia como a quantidade de fodas que dá. Pelo contrário, nunca se ouve dizer "este ano não tem chovido nada, maneiras que há água a dar com o pau".
Como esta expressão, existem várias. Infelizmente, fatores como o politicamente incorreto, a novela brasileira e a Sandy, contribuíram para que muitas das coloridas imagens sobrevivam apenas no léxico de nossos anciãos. Que foda.

domingo, 7 de junho de 2009

deboche universal

Nasci de uma vontade bem estúpida da vida, em uma dessas circunstâncias que os pais mais orgulhosos afirmam ser abençoadas, sob a aurora de um acontecimento que se disse grandioso simplesmente pelo fato de não o ser, afinal, eu era apenas mais uma pessoa que nascia, mais uma pessoa que entrava aos trancos e barrancos na roda louca da vida.
E o tempo, mais precisamente por 17 anos, arou aqui sementes de esperança enquanto manifestei a vontade de avançar e àquela época senti os abraços da compreensão. Deram-me, de mãos beijadas, a direção que deveria seguir, como e quando chegar, tudo para não ir sozinha e, sobretudo, para não permitir que o receio tomasse conta de mim.
Bati à porta do sonho. Expliquei-lhe minhas razões, ao meu ver irrefutáveis, do porque deveria entrar e deixei meu currículo, apresentei minha candidatura. Aguardei na expectativa de realizações e até esbocei projetos e fiz planos. E após meses de uma espera dolorosa, recebi um memorando que se resumia a um "Sinto muito Sra. Sarah, mas no momento não necessitamos de alguém com este perfil".
Desde aquele dia percebi que o mar não chegaria nunca à minha praia, a praia deserta da minha vida. Que coisa babaca é esse mundo...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

divagação acerca da vida

Tenho lutado intermitantemente contra essa certeza vazia de que estou no mundo por causa de nada e simplesmente porque tenho que estar, porque nasci. Admito que essa seja a asserção mais pragmática diante da falta de resposta para as coisas, e é justamente a sensação de impossibilidade que me fez interromper as ações mecânicas diárias de estar viva, à volta dela está tudo o que eu não consigo explicar, todo o universo abstrato que pulsa por dentro e por fora, com anseio de se desmistificar de uma vez por todas.
A minha vida talvez se possa justificar através de um leque infinito das possíveis sensações que se possa ter: espirituais, poéticas, estéticas... mas seja lá o que quero sentir, ainda não consigo demonstrar a verdadeira razão de estar aqui, senão pela definição básica de vida - a biológica -, que consiste em garantir a subsistência de um corpo animado, certo? Mais coisa, menos coisa...
No entanto, tenho a idéia de que qualquer um que possua consciência de si mereça ser ressarcido pelos seus empenhos. Deve ser por isso que os mais crédulos descansam a cabeça na maravilhosa possibilidade de colher frutos doces depois de uma vida limpa, sem pecados ou como queiram caracterizar. Mas não será essa uma ótima opção? Acreditar em alguma coisa - qualquer coisa -, que nos tranquilize? Crer no que nos faça sentir bem? Um direito é, certamente. De qualquer forma, o fim soa mais ameno do que aquela outra dedução de que se morremos foi porque, obviamente, estávamos vivos.
E no que concerne a minha fraca maneira de concluir existências, posso assertar que: vivemos acompanhados mas morremos sozinhos. Se os ressarcimentos nos são dados por outras pessoas, então não há recompensa por morrer. A recompensa é estar vivo com e para alguém, os ressarcimentos são tidos por aqui e por enquanto.