domingo, 30 de dezembro de 2007

sobre as velhas amizades

Amizade pra mim hoje em dia tem um conceito tão deturpado, que se eu fosse contar o porquê, metade das pessoas que lêem isso aqui cometeriam suicídio em meu nome. E como eu não quero carregar nenhuma culpa além das habituais, resolvi partir de um pressuposto mais suave.
Então, tá aí a dinâmica do edifício Juiz de Fora: cavalo vai-cavalo vem(bis), e no meio de todos eles há um em que falta uma pinta. Tá Dona Sarah, e daí? Bom, o que eu quero dizer que a dinâmica do edifício é a semelhante à da vida, aliás, a vida também é coisa mesmo muito engraçadinha.
O ciclo que a gente segue, no limiar do caos, isso de as pessoas irem e virem, como os cavalinhos do prédio, deixando marcas boas, ruins, péssimas e maravilhosas nas nossas vidas, é quase mágico ou quase trágico – ou os dois. É curioso como elas vêm e vão, como choram com você, pra você e por você ou como elas riem pra você, com você e de você.
Com o passar dos anos meu círculo de amigos reduziu-se à metade, mas não acho isso de todo ruim. Não penso em nenhum momento em mudar essa realidade. Foi uma seleção natural.
Ou nos afastamos ou brigamos com os colegas mais chegados do momento que passam ao status de conhecidos, não por carinho mas por educação ou, no meu caso, por um resquício de consideração. Não tenho muita educação sobrando, como se sabe. Hahaha!
Nos afastamos da parcela de imbecis e conhecemos outros imbecis ainda piores do que os primeiros, e temos a obrigação moral de nos afastarmos deles não só porque, teoricamente, devemos odiar imbecis mas também pra não sermos contaminados.
E daí que a gente se estrepa, bate o pé, xinga e o caralho a quatro pra no final das contas voltar aos bons e velhos amigos, aqueles de infância. Aqueles seus amigos jagodes de infância. A guria com bigode, o nerd com óculos de fundo de garrafa, a retardada maníaca com maquiagem, a vassourinha de qualquer buatchy, o gordinho zoado, mas que, bem ou mal, te aceitam como você é.
É desagradável dizer uma coisa dessas, mas há uma hierarquia no círculo de "amizades" socialmente engajadas. Os mais convenientes vão assumindo postos privilegiados e aqueles que já não satisfazem nossas necessidades, são deixados de lado até serem chutados para escanteio.
Os outros, aqueles verdadeiros amigos, perduram, e
como diz meu amigo Diego Navarro - O Bruto, mesmo nos "sumiços esporádicos" e com as milhares de histórias que ultrapassam a bizarrice, continuam cravados nas páginas das nossas vidas.
Não tem problema se moramos em bairros diferentes. Se estamos noivos. Se estamos na vida bandida. Se estamos namorando. Ou se alguns já têm até a porra de um filho. O legal é que a gente se fode todos os dias, mas continuamos por aí, cada um com seu cada um bêbado em alguma espelunca lazarenta, cada um com seu cada qual em um beco escuro e sórdido trepando loucamente. E principalmente, cada um com um pensamento sincero a respeito do outro.
Talvez deva ser por isso que eles nos chamam de más companhias. Fala sério! Más companhias não, bee. PÉSSIMAS!
Ei Nava, anda logo amigo. Let's get drunk. Let's fuck. Let's get ugly.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

dos sádicos

Havia aqui perto duas formigas. Esmaguei-as com a polpa dos dedos, demonstrando toda a minha supremacia. Uma sobreviveu, esperneou, era só patas e um corpinho trepidante e retorcido pela minha fúria. Agonizou. Sorri...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

desassossego

Daqui da minha janelinha eu vejo a rua lá fora, para além do nada que tudo isso representa. Passam casais, futuros casais, gente normal surge de vez em quando, o movimento de automóveis é alto à essa hora, e enquanto todos passam, eu continuo aqui sozinha, sozinha como tenho sido, sozinha como sempre serei.
No meu quarto absurdo e anônimo, escrevo palavras como salvação da alma e tenho em minha mão um cigarro já pela metade e na mesa do computador, um reles copo de Coca-Cola choca, um cinzeiro transbordando e um sabor agridoce por toda a boca, também como redenção.
Tenho vivido uma vida que não se vive, ouvindo o ruído vulgar do diverso pelas vidraças de casa. E pelas mesmas vidraças eu observo o mundo girar a sua engrenagem louca e complexa demais para que eu possa compreender ou sequer participar, esperando apenas pela diligência do abismo. Vendo doer na alma a doença dessa ausência de vida e espalhando por todos os cantos as minhas dores estúpidas, daqueles que vivem desassossegados, na mais profunda irrequietação do espírito.
Eu não pedi muito à vida, pedi alguma comida, um lugar só meu, um pouco de amor e paz, não exigir dos outros e não ser exigida por eles. Mas até o pouco que pedi me foi negado. Negar a esmola não por apenas negar, por não querer, mas como que, simplesmente, por preguiça de abrir a bolsa.
E já tarde, como é agora, vem a glória noturna de ser tão grande sem nada ser, o sublime repuxo que me leva à monotonia que pouco me diz sobre tudo isso.
Talvez minha voz, aparentemente tão pouca coisa, seja a encarnação de outras milhares de vozes, de outras milhares de vidas submissas como a minha com destino ao sonho inútil, à esperança sem vestígios.
Vejo-me aqui, no quarto andar da Moraes e Castro, assisto-me com sono e cansaço. A vida vã e sem beleza interpelando pela própria vida...

dinâmica labial

Ocupei pouco meus lábios nesses últimos tempos, os gastei mais falando do que com o mais interessante: beber do líquido inebriante de lábios alheios. A parte isso, devo confessar, eu gosto de lábios, dos mais variados formatos, carnudos ou não, os formatos são pretextos atrativos, assim como é a relação entre as flores e os insetos. Eu gosto de lábios, mas gosto mais dos lábios bem desenhados e medianamente fartos, onde, na parte superior, formam-se duas curvas perfeitas e simétricas, como se fossem constituir um coração e, ali, interrompidas por um declive brando.
Mas quando se pensa ter desvendado toda a poesia que se revela em contornos, a chave de todo o misticismo labial é revelada: na parte inferior, faz-se levianamente arqueado, com contornos sutis, o lábio inferior. Pois eu explico, naquele momento em que nada mais importa e não se sabe o que fazer, ou se olha nos olhos ou mira-se na magia dos lábios sendo umedecidos vagarosamente com a língua, vem uma carícia feita com a polpa do polegar de outrem nos seus, verticalmente pra baixo, deixando os lábios entreabertos e sedentos pelo perfume dos sorrisos. Eis a soberania do beijo!
O que torna um beijo gostoso não é o ato propriamente dito, mas o momento que o antecede, o bailar dos olhos cruzando-se com um desejo inconsciente e consciente de fazê-lo acontecer, que provoca uma aproximação dos corpos, que aquece por dentro do peito, uma chama que tortura e faz querer mais, quase um sadismo subjetivado, e as faces dão indícios de que vão corar, o coração entra num ritmo quase musical, os olhos ameaçam se desviar e não o fazem... Ufa!

o meu natal

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Há coisas que realmente colocam um coração a sorrir... dão força pra saber que realmente, apesar de tudo, vale à pena lutar pelo o que se acredita, pelo o que se sente. Há pessoas que, rapidamente, colocam meu coração a sorrir e, quando já me habituei com aquela satisfação, ainda que breve e pouca, elas tratam logo de colocar meu coração pra se debulhar em lágrimas. Esse mundo que dá com uma mão e tira com a outra.
O dia fica frio. Fica triste. Mas depois eu acabo por me recuperar. Lentamente. Rejunto os cacos, colando um pedacinho aqui, outro ali. Vejo no mundo outras razões pra tentar seguir, pequenas razões no quotidiano pra levantar da cama mais um dia e lutar. Lutar por um significado na minha vida. Por um rumo que decidi tomar. E só faz sentido parar de lutar por isso, quando não houver mais uma gota de esperança no mundo.
Eu sonho tanto com a minha independência, cobiçando o que tá lá fora, e acabo me esquecendo do que eu tenho aqui dentro, que vale mais do que qualquer retardado que eu beije por aí, qualquer cara gostoso que, inexplicavelmente, eu possa vir a me apaixonar.
Mesmo que eu passe dias trancada no meu quarto, eu sei que há algumas poucas pessoas que estarão me esperando ali do lado de fora para o que eu precisar. Minha mãe com um colo e um conselho todo avacalhado, meu pai debruçado na cama e jogando PS2, sempre com alguma coisa engraçada pra dizer.

Eu não sei bem o que anda se passando comigo. Essa super-carência. Esse super-vazio. Esse super-tédio. Esse super-cansaço. Talvez seja simplesmente imaturidade. Resquícios infantis. Então eu optei por me isolar de tudo e de todos, mas a verdade é que nunca imaginei que fosse me custar tanto ficar sozinha. A solidão é fodida...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

bueller



FAKING OUT PARENTS (enganando os pais)
1. Fake a stomach cramp (finja uma dor de estômago)
2. Moan and wail (gema e resmungue)
3. Lick Palms (lamba as palmas das mãos)

Ferris ainda justifica: "É infantil e estúpido, mas... a escola também é."

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

about me

Nasci em 08 de janeiro de 1987. Foi a coisa mais importante que me aconteceu. Apesar de eu achar que não estava pronta pra botar meu olhar no mundo, insegura e relutante pra vir pro lado de cá: a bolsa estourou e eu nasci prematuramente no calorzão de janeiro depois de 5 horas de um trabalho de parto sofrido.
E o Blogger ainda pede pra que eu coloque uma descrição ali ao lado sobre quem eu sou. Ora! Quem eu sou são meus textos, as poesias que, aliás, nunca mostrei a ninguém. Não houve uma linha, uma vírgula que escrevi que não fosse uma confissão. E eu sempre quis que as minhas confissões resultassem num livro porco a la "Bruna Surfistinha", com o mais alto teor de perversidades e um baixo teor de cultura, e ainda assim fazer um puta sucesso.
É chato falar de mim. Eu prefiro as opiniões alheias. Tenho um problema sério com auto-estima, sabe? Sou do tipo que precisa de elogios o tempo todo, uma chuva de confetes incessante. Acho que pelo fato de ter nascido antes da hora, acabei me tornando complexada, deve ser por isso que as pessoas às vezes me dizem que eu sou bem modesta. Mentira! Elas não sabem de nada. Eu sou tão orgulhosa, mas tão orgulhosa, que acho que até hoje não fui capaz de escrever algo à minha altura hahaha.
Ah! Se vocês soubessem que a cada vez que escrevo, escrevo doente e só, se vocês soubessem que a minha solidão é a solidão da alma, que a minha doença está no espírito. Ah! Se vocês soubessem as tantas coisas talvez nunca mais me quisessem por perto. Mas ainda bem que vocês não querem saber sobre minha alma ou espírito infectados com a tristeza profunda do peso da existência, e talvez se esqueçam completamente do que escrevi aqui em poucos dias.
O que vocês querem são os detalhes sórdidos, creuzas, fofocas, intrigas... hahaha! Bem, acho que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente, a arte é o que me difere da tal da "Bruna Surfistinha". Deixo as fofocas pra depois.
Pensando bem, acho que devo escrever mesmo um livro.

domingo, 9 de dezembro de 2007

da descrença absoluta

Estou cansada de algumas pessoas. Extenuamente exausta da maioria das pessoas, eu diria mesmo. Eu quero férias delas. Ter o mínimo de responsabilidades e ser minimamente irresponsável com todo mundo. Quero ter motivação, algo que me faça fazer mais do que me arrastar por aí, de bar em bar.
É tédio. Sobretudo cansaço. E principalmente falta de intensidade. É engraçado sentir-me cansada exatamente por não fazer nada de edificante, viver num arco-íris preto e branco e acordar a cada dia como nasce o Sol... porque tem mesmo que ser.
E bem aqui, à deriva, nessa encruzilhada de sentimentos, momentos e pessoas que eu sou, já não há como adiar minhas avaliações, chegou a hora de pesar os prós e os contras, impulsos e deveres ou, simplesmente, mandar tudo à merda pra tentar seguir em frente.
Eu não sei se são saudades, questões existenciais ou pura falta de paciência, talvez seja apenas pressa de ser feliz. Ou um teste pra ver se agüento isso tudo sem a ajuda de ninguém, porque eu coloco o peso do mundo nas costas e o carrego estoicamente.
Eu não sei se vou conseguir continuar com isso, sorrindo com um nó na goela toda vez em que me perguntarem se está tudo bem. Eu só preciso respirar um pouco pra poder ter a certeza de que há um mundo menos amargo lá fora...

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

sorrir: livre-se dessa obrigação

Blog é uma coisa pública, logo, o que eu escrevo aqui acarreta conseqüências. As críticas construtivas são sempre bem vindas, alguém lê algo, gosta ou desgosta, comenta e pronto. Mas um cara, que eu não sei de onde surgiu, cismou que tem intimidade o suficiente comigo pra meter o bedelho nas coisas que eu escrevo. Não bastando, ele também cismou que tem intimidade o suficiente para deixar recados no Orkut pra mim.
Esse cara anda implicando com o meu pessimismo, ele se sente no direito de criticar o fato de eu assumir publicamente que estou chateada com as pessoas que, obviamente, ele não conhece pra poder argumentar a favor delas. Esse gordo escroto tá cismado com a má fase da minha vida. Como se já não bastasse a quantidade de babacas que se sentem no direito de opinar sobre qualquer coisa que eu faça.
Outro dia um garoto de 16 anos veio rir no MSN porque eu jogo RPG. Dentre os seus argumentos brilhantes, havia uma articulação ainda mais sensacional: "esses caras que jogam RPG ao invés de malharem, ficarem bonitos pra pegar mulher, vivem só pra jogar". (APLAUSOS EUFÓRICOS)
Esse é o tipo de objetivo de vida que todos os surfistas de penico de Juiz de Fora devem ter em mente se quiserem comer a maior quantidade dos exemplares de vadias daqui. Esse é o tipo de gente que se mete na minha vida.
É a mesma coisa todo mesmo dia, a mesma obrigação que eu nunca entendi de ter que ser feliz, e pra piorar ainda mais, tem essa porra de RAVE, essa porra de GOOD VIBE, essa porra de P.L.U.R., essa porra de PODE CRER. E então eu tenho que contemplar a beleza que não existe nisso porque admitir que se tem problemas hoje em dia é uma heresia, um pecado sem perdão, uma monstruosidade.
Sempre achei que JF tivesse a maior concentração de idiotas por m² do universo, mas eu me enganei, outros lugares não são muito diferentes daqui, e até um gordo escroto veio do quinto dos infernos pra encher o meu saco. Eu mandei o desconhecido do Orkut ir tomar no cu, talvez eu mande o pré-adolescente no dia em que eu me cansar dele também e assim sucessivamente.