domingo, 31 de agosto de 2008

adaptação

Tenho sobrevivido de poucas conversas cansadas. Pra falar a verdade, quase não são conversas, no sentido em que estas não passam de palavras secas e úmidas. Vez ou outra, algum sentimento me escapa, e antes disso, são uma canção firme e nervosa. É, ainda, antes da minha voz, um lamúrio trepidante que foge por entre os lábios.
Porque gosto mesmo de falar assim pelas entre-linhas, como quem sorri chorando e vice-versa. Como num transe, perder a consciência para depois sentir chegar a dúvida sobre o que fui lá e, entre todas as coisas que eu poderia ter sido, me escolher, vasculhando as minhas mil facetas, pra cada momento.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

the bright side

A aleatoriedade da vida nos diz que às vezes se ganha e outras tantas vezes se perde. Contudo, há momentos em que os dados parecem estar viciados e que, por mais que joguemos, que arrisquemos, que tenhamos bom parceiro, bom jogo, bom instinto, tudo parece ir mal. A isso se dá o nome de azar.
O estranho é que esse azar parece andar sempre atrás de nós, como aquela merda grudada na sola do sapato, uma sombra que nos persegue, uma nuvem que vai despejando granizo em cima da alma da gente, tornando-nos uma espécie de perdedores compulsivos.
E acordar um dia com uma falsa esperança de que a sina mudou, de que o mundo nos sorri e que finalmente chegou a hora de sermos contemplados pelo Sol, para perceber depois, da pior maneira possível, que estamos destinados a ter sempre destinos desencontrados, a estarmos no lugar certo na hora errada, a caminharmos sempre num denso nevoeiro.
Eu acredito, porque sou esperançosa por natureza, que um dia tudo isso vai mudar e o Sol vai raiar pra mim. E como diria o Pedro, em raro momento de eloqüência, nós vivemos em um mundo de bilhões e algum desgraçado tem que bater comigo né!


"Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára"
[Cazuza]

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

AVISO MUITO SÉRIO (de verdade)

Para comunicar que, daqui a algum tempo, ninguém nunca mais poderá andar pelas ruas tranqüila e descansadamente (talvez nem nos passeios também)!
Pois é, meus caros... é isso que vocês estão pensando mesmo. As aulas de direção vão começar em breve!
Portanto, devo avisar a todos os transeuntes (adoro essa palavra) que, além dos meus notórios e facilmente comprováveis défices psicológicos, padeço ainda de miopia agravada, ataques esporádicos da síndrome de Tourette, dificuldade em reconhecimento de sinalizações, manifesta indiferenciação entre postes e pessoas, agressividade em estado terminal, cãimbra crônica no dedo do meio, dificuldade em respeitar limites de velocidade e tendências suicidas (principalmente na contramão).
Sendo assim, é de extremo 'bom tom' que, quando as minhas aulas práticas de direção começarem, se abstenham de freqüentar quaisquer vias rodoviárias e que se tranquem em seus quartos com uma almofada na cabeça.





Para que vocês possam ter idéia do meu brilhantismo automobilístico, eu nunca consegui passar da primeira fase do Mario Kart...

votem com consciência porra!

Porque já se esgotaram todos os argumentos, pelo menos os racionais...
Porque ninguém convence ninguém de mais nada...
Porque algumas decisões já foram tomadas há muito...
Mas sempre com moderação, sem adentrar em extremismos cansativos e demagógicos.
Porque votar não é 'deixar tudo como está', votar é uma tentativa de mudança, pra melhor, esperamos todos.
E, independentemente do que defendem, votem bem no final do ano e não deixem que decidam por vocês!


PS: E que tal alguém ter a inteligência superior de espancar violentamente aquele acéfalo que governava o tão simpático povo juizforano? Perto do Bejani, o Lula parece um menininho do coro da Igreja... há!

domingo, 10 de agosto de 2008

não entendo

E não entendo mesmo!
Talvez o problema seja apenas meu, talvez eu tenha uma até então não revelada falta de compreensão latente ou então sou eu que não consigo ver o que está bem debaixo do meu nariz, e não seria a primeira vez.
Não entendo o porquê do tudo e nada, e das mudanças e do que eu quero e do que as pessoas querem de mim. Se é que eu e o resto do mundo queremos alguma coisa ou queremos tudo ou queremos nada.
Não compreendo as distâncias, as brigas aventuais. Nem sequer sei como reagir ou lutar para acentuar ou diminuir o que me une às pessoas e me separa delas.
Não sei se as assusto, ou se elas ficam realmente chocadas com as coisas que digo, porque minhas palavras vêm do fundo do meu coração. Por que estão todos tão acostumados à merdices e falsidades? Não sei mais o que dizer, o que fazer, como agir. Sério que não sei!
Porque nem tudo tem que fazer algum sentido, mas seria tão bom que fizesse...!
Não tenho muita certeza do que se passou até agora, se sou só eu que vivencio esses momentos de angústia e decepção em relação às pessoas, se sou a única pessoa que questiona se realmente vale à pena lutar ou desistir dessa batalha e de um pouco mais de mim.
Não entendo.
Não consigo.
Talvez eu nem queira... mas há tanto desse mundo que não entendo...

sábado, 9 de agosto de 2008

minha vacuidade

Por que o caminho para a felicidade tem que ser tão sinuoso? Qual o porquê de tantos penhascos, abismos de solidão e angústia e cruzamentos de dúvidas e incertezas?
Pobre dos que sonham, mal-aventurados os que amam. É muito mais fácil viver a vida desapaixonadamente. Saber que cada segundo vale simplesmente um segundo. Saber que tudo pode ser racional e controlado. Saber que se pode conquistar amor sem amar.
É muito mais simples!
Mas é muito mais incompleto. Falta o sal, o sabor. A imprevisibilidade da paixão e o prever tantos futuros, tantos castelos na areia, tantos sonhos que se esfumam com a angústia de uma neblina matinal.
Às vezes me sinto tão cansada... e também vazia. Sinto uma vontade enorme de me apaixonar de verdade mais uma vez. Depois de tanto tempo eu questiono se ainda tenho um coração capaz de sentir.
E não, realmente não foi paixão. Foi mais um erro de cálculo. Outro erro. Não há o que lamentar, apesar de querer fazê-lo. Talvez por ter acreditado demais que podia ser algo maior e que algum dia pudesse dar certo. Tem que saber ler os sinais e nisso, como se sabe, sou analfabeta por princípio e lerda de nascença.
O cansaço pode moer, mas sei que viver sem amor é muito pior do que isso. Sem paixão o sentido da vida perde um pouco do sentido.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

hoje

O mundo de hoje parece ser igual ao de todos os outros dias. Mas não é. Simplesmente porque é hoje. Hoje não sabe quem sou, pra onde vou, pra onde quero ir. Hoje quer apenas que eu encontre o que eu realmente desejo, e agora, nesse exato momento.
Hoje caberia a mim ser feliz, não por quem eu quero ser ou por quem querem que eu seja. Hoje basta ser o que sou sem qualquer máscara e subterfúgios. Hoje me diz que não vale à pena aborrecer-me por tantas pessoas pequenas.
Hoje estaria de bom tamanho viver sorrisos, viver coisas humanas, viver sem me embrenhar em raciocínios complicados e adivinhações e frustrações. Hoje bastaria viver sem juízos, sem julgamentos.
Vejo sempre o mesmo mundo e as mesmas caras à minha volta. Mas hoje é diferente. Hoje me fez perceber que há vários mundos coloridos nesse mundo cinzento e que fazem todo o resto valer a pena.
Afinal, há tantos rostos a descobrir onde antes só existiam caras. Tenho alguma esperança, e principalmente se fizer sol amanhã, talvez as coisas voltem ao normal.
Mas o grande problema dos amanhãs é justamente esse: perdemos muito tempo com eles e com os sonhos não cumpridos e com as promessas esquecidas. Mas hoje é diferente.
Decididamente, não há dias como hoje!

sábado, 2 de agosto de 2008

jogar ou não jogar

Sempre achei que a parte mais legal do amor fosse o ‘jogo’ inicial. Os olhares cruzados. Os avanços amedrontados. Não há exigências, mas também não há desilusões. Não se pode perder o que não se conquistou.
Sempre tive muito pouco disso. Sou uma pessoa de palavras difíceis. Eu te daria um tapa na cara num dia e um abraço fraternal e sincero no outro como quem se desculpa, mas sem conseguir dizer.
Foram casos de amor e a convivência com caras babacas que me marcaram e fizeram de mim alguém às vezes tão ríspida, fechada e amarga.
Mas eu ainda tenho momentos de doçura guardados em algum lugar em mim, bem debaixo da minha carcaça controversa e estúpida.
Também não preciso me descabelar sempre pelas tortuosas circunstâncias da vida. Sou mais feliz que a maioria. Mesmo dentro da pálida felicidade que me foi dada a conhecer.
Não tenho muito do que me queixar. Ou tenho? Posso até ter minhas razões de protesto mas não preciso mencioná-las. E não quero remexer na terra gasta, quero apenas pensar no que pode brotar dela.
Porque a vida é como uma mulher na sua iminente bipolaridade. Radiante e sombria, carinhosa e puta, tudo e nada. E o amor não é diferente.
Não sei se é isso que se passa agora. Não sei o que pode sair daqui. Sei é que gosto. E sei também que ele pode ser quem eu estava esperando pra esquecer de tudo e, finalmente, me permitir jogar.