sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

gato por lebre

As pessoas nunca entenderam a minha relação com a bebida. Desde os meus 14 anos elas me vêem sentar em um bar e ingerir uma quantidade de álcool suficiente pra embebedar um time de futebol e fumar 3 maços de cigarro numa boa. Alguns pensam que é por causa dos meus pais, porque eles se embriagavam por aí e davam espetáculos que fazem a Amy Winehouse parecer uma lady.
Não tem nada a ver. Eu gosto de beber. Gosto, preferencialmente, de beber muito. Acho que gosto de beber mais do que meus pais. Eu não sei sentar num bar e tomar 3 cervejas civilizadamente. Eu sento e tomo 12 com a sensação de que deveria ter ido além. Beber socialmente pra mim significa beber em sociedade. Mas não posso culpar meus pais pelas minhas fraquezas. Eles fizeram o melhor, pagaram escola, pagam a faculdade e continuam me dando de tudo, mesmo que eu cague na retranca.
A raiz disso está nas sementes que eu plantei, no meu culto à melancolia, no meu gênio azedo, nos caminhos errados que escolhi. Essa vida desregrada que optei por levar é alucinante, meio charmosa e meio desesperada, mas me faz escrever, então eu vejo que não sou uma completa inútil inconseqüente, a sensação de "desimportância" fica mais amena, o mundo fica menos pesado.
Eu já acordo pensando "Mas que puta merda! Pra agüentar mais um dia enfastiante, só tomando umas cervejas". Porque me é difícil acordar pra mesma vida chata e frustrada que deixei pra trás ao dormir. É ruim lembrar que existem pessoas maldosas e que vão tentar me machucar mais e que não importa o fato de eu ser legal, porque elas não sabem disso e não fazem a mínima questão de saber.
Ainda adolescente, descobri a maconha e achei a coisa mais sensacional do mundo. Substituí. Adotei como minha nova válvula de escape da vida. Mas depois de um tempo aquela merda passou a me deixar num clima ainda mais fodido, porque a mentalidade da maconha anula as pessoas. Enquanto a idéia do álcool tem muito mais a ver com "Oi! Eu sou a Sarah, simpática, extrovertida e feliz! Por isso eu vou roubar um cavalete agora!". Com o álcool você dá vexames mas ao menos você não vira uma goiaba.
Eu alternei a bebida com a erva, mas acabei voltando ao começo e ficando só com a bebida. Sabe, se você tem inclinações por vícios, você acaba trocando um veneno pelo outro.
Sobre a minha relação com o álcool, eu digo que ela é muito intensa, íntima e perigosa. É uma relação de amor e ódio, que alternam noites maravilhosas, divertidíssimas e incríveis, e momentos péssimos que me causam problemas sérios.
E se me perguntam se eu não tenho medo de me expor sobre isso, a resposta é não! Pra falar a verdade, eu nunca dei importância a essas pessoas bitoladas que se preocupam demais com as aparências, eu ignoro completamente. Quem tá na chuva é pra se molhar. Eu só não aceito que elas fodam ainda mais com a minha vida porque eu não sigo a maioria dos padrões.

Um comentário:

Wury disse...

Não sei o que eu comento...
Muito disso de não saber o que comentar, por achar que seus textos não precisam de comentários!

São pessoais, fala o que você quer falar, pode ser aceito e digerido (ou não!), mas faz com que qualquer crítica seja desnecessária...

Dito isso, vou me ater a dizer que entendo bem da relação com a bebida...
Minha imagem é completamente ligada a um cigarro e a um copo de cerveja, aliás, até carcaturas que fazem de mim vêm com cigarro e cerveja!

Continue escrevendo aqui...

Já li o arquivo todo e espero coisa nova!