quarta-feira, 3 de junho de 2009

divagação acerca da vida

Tenho lutado intermitantemente contra essa certeza vazia de que estou no mundo por causa de nada e simplesmente porque tenho que estar, porque nasci. Admito que essa seja a asserção mais pragmática diante da falta de resposta para as coisas, e é justamente a sensação de impossibilidade que me fez interromper as ações mecânicas diárias de estar viva, à volta dela está tudo o que eu não consigo explicar, todo o universo abstrato que pulsa por dentro e por fora, com anseio de se desmistificar de uma vez por todas.
A minha vida talvez se possa justificar através de um leque infinito das possíveis sensações que se possa ter: espirituais, poéticas, estéticas... mas seja lá o que quero sentir, ainda não consigo demonstrar a verdadeira razão de estar aqui, senão pela definição básica de vida - a biológica -, que consiste em garantir a subsistência de um corpo animado, certo? Mais coisa, menos coisa...
No entanto, tenho a idéia de que qualquer um que possua consciência de si mereça ser ressarcido pelos seus empenhos. Deve ser por isso que os mais crédulos descansam a cabeça na maravilhosa possibilidade de colher frutos doces depois de uma vida limpa, sem pecados ou como queiram caracterizar. Mas não será essa uma ótima opção? Acreditar em alguma coisa - qualquer coisa -, que nos tranquilize? Crer no que nos faça sentir bem? Um direito é, certamente. De qualquer forma, o fim soa mais ameno do que aquela outra dedução de que se morremos foi porque, obviamente, estávamos vivos.
E no que concerne a minha fraca maneira de concluir existências, posso assertar que: vivemos acompanhados mas morremos sozinhos. Se os ressarcimentos nos são dados por outras pessoas, então não há recompensa por morrer. A recompensa é estar vivo com e para alguém, os ressarcimentos são tidos por aqui e por enquanto.

2 comentários:

Wury disse...

Ainda lendo...

A Ficção do Real disse...

Bem vinda ao deserto do real!...