Quando a doçura do meu sono fora violentada pela urgência do novo dia que se impunha, com o inegável fato de que já eram horas de levantar, senti-me sufocada pela circunstância de estar viva e de ser obrigada a existir por mais 24 horas. Há dias em que não sinto vontade de ser.
Meus pés se atropelaram e tropecei na claridade intrusa, caí de cara no chão da realidade que presumia o novo, que de novidade nada tinha. A rotininha aborrecedora constituída de pormenores azedos que, se tomados como um todo, não fazem a menor diferença, porque embora a mesmice diária se difira em detalhes, em suma mantem-se a mesma.
Abri os olhos com dificuldade, devido à quantidade excessiva de remelas, e reparei que o pijama que me abrigava sorria despreocupado das memórias que o conduziam à avenida das consternações, olhando ao redor como um atento expectador de um circo de aberrações, com questionamentos discretos sobre a veracidade daquela atmosfera surreal de que dispunha para entreter-se por um pequeno momento, fazendo-se, assim, algo enorme na terra de diminutas convicções.
Na minha cabeça, comiam quatro atitudes: a dúvida, a certeza, a confiança e a suspeita. Discutiam entre si, entre garfadas gulosas e gargalhadas histéricas, os planos para o futuro e brindavam ébrias às memórias do que depois será, sem considerar o que sempre seria.
E no jardim da minha vida, mangueiras regavam as sementes que plantei numa fúria molhada de arrependimentos. Via afogarem-se as plantações da vida e as suas questões. Ninguém desligava as torneiras e a inutilidade das ações insistia e se repetia em litros de desperdício. Há dias em que não vale à pena ser...
Meus pés se atropelaram e tropecei na claridade intrusa, caí de cara no chão da realidade que presumia o novo, que de novidade nada tinha. A rotininha aborrecedora constituída de pormenores azedos que, se tomados como um todo, não fazem a menor diferença, porque embora a mesmice diária se difira em detalhes, em suma mantem-se a mesma.
Abri os olhos com dificuldade, devido à quantidade excessiva de remelas, e reparei que o pijama que me abrigava sorria despreocupado das memórias que o conduziam à avenida das consternações, olhando ao redor como um atento expectador de um circo de aberrações, com questionamentos discretos sobre a veracidade daquela atmosfera surreal de que dispunha para entreter-se por um pequeno momento, fazendo-se, assim, algo enorme na terra de diminutas convicções.
Na minha cabeça, comiam quatro atitudes: a dúvida, a certeza, a confiança e a suspeita. Discutiam entre si, entre garfadas gulosas e gargalhadas histéricas, os planos para o futuro e brindavam ébrias às memórias do que depois será, sem considerar o que sempre seria.
E no jardim da minha vida, mangueiras regavam as sementes que plantei numa fúria molhada de arrependimentos. Via afogarem-se as plantações da vida e as suas questões. Ninguém desligava as torneiras e a inutilidade das ações insistia e se repetia em litros de desperdício. Há dias em que não vale à pena ser...
2 comentários:
Vc escreve muito bem, parabéns, me lembrou Clarice Lispector. Mas talvez o texto tenha ainda me tocado mais por reconhecer a mim mesmo algum tempo atrás. E sabe que eu só "sarei" quando ocupei meu tempo todo com coisas que exigiam minha concentração, pois então não sobravam tempos para se pensar, aí então a gente olha pra fora que é onde as coisas acontecem. Pena que agora eu não consigo mais escrever coisas que prestem... era só pra isso que minha melancolia servia.
se você ficar falando sempre do quanto é amargo, o doce não vai ficar mais doce por causa disso...
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