segunda-feira, 9 de novembro de 2009

más escolhas

Uma das referências da minha vida, para o bem e mais ainda para o mal, morou lá pelas bandas do Rio de Janeiro em 1800 e qualquer coisa, era alcoólatra e morreu tuberculoso aos 20 anos. Tomei-o para mim e fiz dessa relação intangível no espaço e no tempo, algo que se aproxima de uma relação entre pai & filha.
Filiação que, evidentemente, foi equívoca desde o princípio, quer pelo fato de o meu temperamento já manifestar uma forte objeção às coisas extremamente felizes, como também pelo fato de eu ter crescido em um ambiente familiar conturbado, barulhento, instável e fodido.
Minha realidade me é ácida, as visões que povoam a minha mente parecem compensar, pelo menos em grande parte, a ausência de realizações. Pedaços de céu sonhados aqui ao lado: na minha cama desarrumada, com os lençóis revirados e alimentados pelo excesso de álcool e drogas, temperados com o cheiro deprimente e enfastiante de sono no ar.
Invoco aspirações felizes e criações ideais a meu bel-prazer, desfrutando sob todas as formas, buscando qualquer ventura que me acalente. A maioria delas sonhadas em um estado lastimável de entorpecimento.
Estou me esvaindo em devaneios. Vivo uma vidinha patética esgotada em ilusões. Não poderia eu, nova e intacta, ter escolhido como pior referencial, de vida e conduta, um sujeitinho mais decadente do que o tal Álvarez...

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