quarta-feira, 12 de setembro de 2007

análise sentimental

Naquele momento, sentada com as pernas cruzadas infantilmente, senti uma fisgada insistente no âmago do peito que me dizia para apostar em mudanças radicais, mudanças de hábito, uma pontinha de indício que me fazia pensar que talvez eu até devesse incorporar o hábito de mudanças para não cansar a mim de mim mesma.
Examinei tudo à minha volta: o soutien jogado na cama, a bolsa aberta e um maço de cigarros amassado bem como a calça jeans com os bolsos pra fora, o meu gato esparramado, tudo uma tremenda bagunça – o quarto, a vida, o coração – as coisas espalhadas às migalhas, como tudo em minha vida, como tudo tem sido na minha vida. Os meus quase-romances de uma noite só, confissões à meus quase-amigos, minhas quase-conquistas, uma vida espalhada às migalhas por todos os cantos, numa trilha que não leva à lugar nenhum.
Esfreguei meus olhos como se fosse arrancá-los, contraí meu semblante, tive a sensação de ter despertado naquele exato momento, mesmo tendo acordado há horas, quis que tudo se colocasse no seu devido lugar sem que eu precisasse sofrer pra que isso acontecesse, sem que me doesse me desfazer de tudo, de tudo aquilo que já não me é útil, quis que desvirasse tudo do avesso - à mim e à vida - e que pusesse todo o resto em ordem – o quarto e o coração -, toda a bagunça desfeita e refeita em seus devidos lugares.

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