quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

dinâmica labial

Ocupei pouco meus lábios nesses últimos tempos, os gastei mais falando do que com o mais interessante: beber do líquido inebriante de lábios alheios. A parte isso, devo confessar, eu gosto de lábios, dos mais variados formatos, carnudos ou não, os formatos são pretextos atrativos, assim como é a relação entre as flores e os insetos. Eu gosto de lábios, mas gosto mais dos lábios bem desenhados e medianamente fartos, onde, na parte superior, formam-se duas curvas perfeitas e simétricas, como se fossem constituir um coração e, ali, interrompidas por um declive brando.
Mas quando se pensa ter desvendado toda a poesia que se revela em contornos, a chave de todo o misticismo labial é revelada: na parte inferior, faz-se levianamente arqueado, com contornos sutis, o lábio inferior. Pois eu explico, naquele momento em que nada mais importa e não se sabe o que fazer, ou se olha nos olhos ou mira-se na magia dos lábios sendo umedecidos vagarosamente com a língua, vem uma carícia feita com a polpa do polegar de outrem nos seus, verticalmente pra baixo, deixando os lábios entreabertos e sedentos pelo perfume dos sorrisos. Eis a soberania do beijo!
O que torna um beijo gostoso não é o ato propriamente dito, mas o momento que o antecede, o bailar dos olhos cruzando-se com um desejo inconsciente e consciente de fazê-lo acontecer, que provoca uma aproximação dos corpos, que aquece por dentro do peito, uma chama que tortura e faz querer mais, quase um sadismo subjetivado, e as faces dão indícios de que vão corar, o coração entra num ritmo quase musical, os olhos ameaçam se desviar e não o fazem... Ufa!

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