domingo, 11 de novembro de 2007

démodé para os pós-modernos

Assumir que se tem preconceito hoje em dia é uma coisa muito, mas muito complicada.
Essa moçada moderninha-ame-o-próximo-abaixo-o-preconceito falta te matar se você disser que não apóia qualquer minoria marginalizada pela sociedade capitalista-selvagem-cruel perto dela.
Eles se sentem no direito de te dizerem que você é antiquado, pobre de espírito, mal-amado, burro, retrógrado e por aí vai. Eles ficam totalmente sem controle. Acreditem, eu já presenciei um chilique pós-moderno.
Mas pra minha salvalção, descobri que sou livre de todo e qualquer preconceito.
Explico como tive a minha dignidade reavida em apenas 3 minutos: eu tava zanzando pelo centro ontem e vi uma garota sensibilizadíssima por causa de um cachorro mais feio do que o capeta encolhido na calçada. Deus do céu! Achei que ela fosse chorar até pelo ouvido. Engraçado que foi, me mijei de rir.
Mas mais engraçado, é claro, é o fato de um mendigo encolhido debaixo de uma marquise em dia de chuva ser completamente normal, e um cachorro encolhido debaixo da marquise ser o fim dos tempos. Mendigo é indigente e cachorro é abandonado.
Eu sei que isso tudo é porque o cachorro não fala, não duvido que a vontade do cachorro foi de dizer "sai daqui, sua garota horrorosa!". Se o mendigo não falasse, provavelmente a garota iria levá-lo pra casa.
Entre escolher um mendigo que sem muita cerimônia diria "sai daqui, sua garota horrorosa!" e um cachorro que embora tivesse vontade de dizê-lo mas não pudesse, ela convenientemente optou pelo cachorro.
Enfim, como eu articulava, descobri que sou livre de qualquer preconceito: eu odeio todas as pessoas indistintamente.
Agora eu também posso dizer que tenho um pé no mundo moderno.

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