sábado, 10 de novembro de 2007

minha mãe

Quando um convívio se torna insuportável?
É o que me pergunto há algum tempo. Eu começaria por alguns meses atrás, quando eu e a minha mãe perdemos totalmente o respeito uma pela outra.
Eu simplesmente não consigo entender porque a gente chegou a esse ponto, enquanto eu só quis uma mãe amiga! Eu nunca pedi nada demais, nunca fui ambiciosa e eu só queria ter uma mãe que fosse realmente mãe, não uma mãe que fingisse ser mãe, que se enganasse a ponto de acreditar que era realmente uma mãe. Enganar a si mesmo é uma arte.
Eu amava muito a minha mãe, porra!, era um amor incondicional, apesar de tudo: daquele gênio insuportável dela, das reclamações e das tantas vezes que ela cagou na retranca comigo, das tantas vezes que eu caguei na retranca com ela - e bota cagada nisso!
Eu acho que a minha mãe deve me amar, não é toda mãe que suporta uma situação dessas sem amor. É verdade: minha mãe me ama, mas toda mãe ama o filho. Se a minha mãe me ama muito, só pode ser do jeito louco e insensato dela, um amor quase obsessivo e irracional que chega a ser chato!
Eu amo a minha mãe, mas me dói todas as vezes em que eu olho pra ela, só ver imagens das coisas que ela já fez que me magoaram demais, e mesmo quando ela tá longe eu consigo ouvir a voz dela dentro da minha cabeça e isso me dá uma puta vontade de sentar no chão e chorar. Chorar pra caralho! Chorar por tudo, por ela e por mim.
Eu já amei mais a minha mãe porque eu ainda acreditava que um dia nós fôssemos nos tornar amigas de verdade, e eu só coleciono uma centena de ofensas, porradas e as brigas dela com meu pai que eu cresci separando e blá blá blá, a história é conhecida por todo mundo, ia ficar chato se eu falasse disso, eu só sei que no meio dessa minha vida barulhenta, inconstante e confusa eu ainda esperava pela maior amiga de todas. Mas esperar já me agora é uma palavra que eu cago em cima.
Eu já não me surpreendo com mais nada, já não me ofendo como antes com as ofensas dela, eu só me surpreenderia com uma morte, um câncer, opa!, eu disse que ela era o câncer da minha vida, eu disse isso mesmo sabendo que ela é a chave de toda a minha felicidade.
As chances de me aproximar dela sempre me escaparam pelos dedos, escorreram rápido demais, o que sobrou foi como uma gota de orvalho na folha, pequena e frágil, e eu sofri muito por isso, por ter estado tão perto de abrir a portinha do coração da minha mãe e ter escorregado, tropeçado, sei lá, sei que me acostumei aos tombos, aos tropeços e aos escorregões vendo sempre a portinha se fechar à minha frente.
Isso é deprimente. É triste. Mas pior do que ser triste e deprimente é saber que talvez ela nunca leia isso, e eu fico pensando todos os dias se eu não devia dizer um bjo-me-liga e sumir...
Essa última briga foi a gota d'água, o som que se ouvia aqui era o da merda batendo no ventilador. PRRRRUUUF.
Depois disso tudo, fica a pergunta latente: quando um convívio se torna insuportável?