sexta-feira, 20 de julho de 2007

sobre astrologia e desperdícios

"Sente falta de algo na sua vida? Clique aqui!". Esse era o banner do site esotérico que freqüentemente visito para checar meu horóscopo. Sim!, foi a resposta e sem pensar muito fui logo clicando na esperança de encontrar qualquer coisa que fosse capaz de mudar minha vida drasticamente. Decepcionei-me: era uma lojinha virtual chamada Shopping Astral. Apostila de signos, apostila do sol nos signos, livro das conexões cósmicas e até o livro do segredo dos alquimistas estava lá com uma capa pateticamente esotérica. Tudo bem que minha vida amorosa seja lastimável, mas um mapa de relacionamento não é o quê me falta, nem um mapa de previsão anual, mapa astral, mapa vocacial, tudo em prestações suaves de R$9.90. Dêem-me apenas um mapa da mina de ouro de Salomão.
Sobre o quê falava mesmo? Ah sim, faltas. Eu poderia escrever uma lista quilométrica das coisas que faltam na minha vida, sobre todas as coisas que não consegui conquistar, sobre tudo que já tive nas mãos e desperdicei por só desperdiçar, sem remorso algum. Começando por minhas paixões, passando pela minha família burguesa decadente e pela minha faculdade até chegar aqui, no meu quarto, nessa cadeira, em mim. Desperdício é a palavra-chave, a palavra de ordem que tem regido minha curta jornada até então.
Fora da superfície aparentemente tranqüila da minha vida há o silêncio inexprimível da tristeza alvoroçada por dentro desse mundo inautêntico e de porradas que eu vivo, onde em cada história escondo uma palavra, um segredo qualquer ou um gesto que não consigo precisar, mas sei que quebraria todo o encanto, o espelho de convenções se espatifaria e toda a realidade dolorosa cairia por terra.
Mas eu não posso mudar minha dor em relação ao mundo ou em relação à vida, talvez eu só devesse aprender a amá-las...

Um comentário:

Douglas disse...

Putz, muito bom este texto.
Gostei do seu blog e da maneira como você se expressa.
Parabéns.
E obrigado pelo comentário no meu blog.